segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Atalaia é só em Setembro, mas é preciso vender EP's.

Discute-se, e votar-se-á, hoje na Assembleia da Republica uma irrelevante e inconsequente moção de censura ao Governo; Irrelevante porque ninguém quer saber; Inconsequente porque todos sabemos qual o resultado.
Independentemente das razões – que as há – que levaram o PCP a apresentar esta moção, é importante avaliar o sistema partidário, com ou sem necessidade de avaliar o sistema político como um todo, e a forma como o mesmo é visto de uma forma meramente instrumental por quem, tendo em conta a aparente “moralidade” que apregoa no seu discurso, deveria ter maior consistência na forma como está na política.
O PCP, é quem mais serve os interesses obscuros contra os quais se insurge, quando menospreza a figura da moção de censura em favor dos seus próprios interesses.
A discussão de hoje não visa censurar o governo visa, isso sim, informar que o PCP está ainda vivo fora dos aparelhos sindicais, e que a sua notoriedade social, vai muito para além do festival de música que organiza todos os anos na quinta da Atalaia.
O papel do Partido Socialista em tudo isto é ainda mais complicado de perceber. Por um lado é uma virgem desrespeitada pela esquerda que já não percebe e ofendida pela direita que já não o respeita.
O PS, abster-se-á na moção de censura evocando razões para que com ela estivesse de acordo, e isso só é percetível no quadro da tática política rasteira que tanto critica nos outros. O PS deve ter mais atenção a estas posturas inconsequentes, caso não queira vir a ser um partido confundido com esta moção: Irrelevante.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Troca-se sexo por outra coisa qualquer.

Num daqueles filmes de que não esperamos surpresas, nem necessidade de grande elaboração contemplativa, somos confrontados com uma verdade que pode parecer evidente apesar de nos fugir, teimosa, por entre os dedos.
Numa cena, em que um casal lava na discussão as ilusões de uma fidelidade furada, ela apresenta no argumento da necessidade – ou ausência dela – a justificação para uma vida feita de um só corpo na cama:
- Mas nós tínhamos sexo uma vez por semana.
Ao que ele atira:
- Mas não são as vezes que fazemos que importam, mas sim a forma como o fazemos.
Nesta vida urbana, não escapa – mesmo a um rapaz do campo – que em determinado momento, muitos de nós trocamos sexo por afetos. As escolhas que fazemos, são muitas das vezes legitimadas por justificações encontradas na vontade que temos em desculpar o nosso desconforto.
Até eu, que vim do campo, já percebi que os afetos se constroem, mas insistimos em pensar que se conquistam.
E neste contexto, o sexo não passa disso mesmo… uma necessidade a que sucumbimos, seja porque desistimos de ver o quadro todo, seja porque queremos pertencer discretamente a um quadro que os outros observam.
No final da cena, no dia seguinte, os personagens tomam o pequeno-almoço juntos.
Terá ficado tudo bem?
Ou simplesmente desistiram?

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Metáfora inicial;

Um Comunista e um Neo-ultra-hiper-mega-Liberal (adiante designado por reacionário) entram ao mesmo tempo no elevador que os haverá de levar ao 11º piso de um qualquer edifício no centro de uma qualquer cidade.
No 4º Piso, o Comunista exclama:
- Está um tempo horrível para esta altura do ano.
Ao que o Reacionário responde.
- Verdade. Hoje em dia não se distinguem as estações.
E acrescenta:
- E diz que no fim de semana vai ficar ainda pior!
- Verdade.
Acrescenta o Comunista.

Moral da história: Num elevador, entre o piso 0 e o 11º andar, até os Comunistas e os Reacionários podem concordar com as previsões ainda que não evidentes.